A CHUVA FORA DA CURVA EM TERRITÓRIO GAÚCHO COLOCA NA PAUTA A QUESTÃO DE ALAGAMENTOS TAMBÉM NA MAIOR CIDADE DA SERRA CATARINENSE
Pegamos da Defesa Civil da cidade paulista de Boituva a diferenciação entre enchente, alagamento e inundação. Conceitualmente é possível apontar que Lages, considerando seus quatro principais rios urbanos (Caveiras, Carahá, Ponte Grande e Passo Fundo), já enfrentou problemas decorrentes do excesso de chuva em determinadas épocas.
CONTEXTUALIZANDO
Em tempos de transtornos de toda ordem no Rio Grande do Sul, importante que cidades que têm histórico de problemas decorrentes de excesso de chuva foquem o assunto. Isso porque, caso ocorresse um quantitativo de chuva próximo aquilo que caiu em certas regiões do território gaúcho em cidades como Lages, a situação seria de caos em pelo menos 30% da área urbana e reflexo em outras partes da maior cidade da Serra Catarinense.
O QUE TEMOS DE AÇÃO PRÁTICA?
Em termos de engenharia intervencionista para facilitar o escoamento de água, evitando o represamento nas baixadas do bairro Caça e Tiro, a única solução prática se deu nos tempos do então prefeito Fernando Coruja. Foi efetuado o corte do rio Carahá em linha reta ao chegar ao Caveiras, evitando que a água ficasse represada nas quebradas do referido rio.
Este registro recente, bem bonito por sinal das redes sociais da prefeitura, aponta o rio Carahá em linha reta (à direita), chegando no rio Caveiras, aos fundos do devastado Morro Grande
OUTRAS AÇÕES
Além do corte do Carahá nos tempos de Coruja, ao longo do tempo o poder público faz intervenções nos três rios mais urbanos (Carahá, Ponte Grande e Passo Fundo), com serviços de desassoreamento.
Isso retarda transbordamentos, mas não os impede em caso de chuva mais intensa. É uma solução que ameniza, mas não resolve.
O QUE SE TEM PENSADO?
Há quem aponte que o ideal para minimizar de forma mais efetiva as inundações e alagamentos na área urbana, uma providência seria a implantação de piscinões (áreas que servissem como um depósito de água em determinados pontos, para reter o excesso, sem que a chuva invadisse áreas habitáveis de forma mais volumosa). Tal solução é adotada em algumas cidades (São Paulo, por exemplo), mas no caso de Lages implicaria em custo demasiadamente elevado, considerando ainda dúvidas sobre a existência de espaços para essas contenções através de piscinões.
Teria que ser áreas de contenção de água em quantitativo suficiente para evitar o represamento como se visualiza acima no Caça e Tiro
MAIS SOLUÇÕES PENSADAS
Recentemente o professor Silvio Luis Rafaeli Neto apresentou na Acil um estudo feito há 5 anos. Através de maquete e análise in loco, aponta que uma barragem entre Lages e Painel (perto da SC-114) reteria a água do rio Caveiras quando esse desaguasse de forma anormal em direção à área urbana de Lages. Tal providência deixaria esse rio ‘livre’ para o Carahá desaguar, sem representar ao chegar no bairro Caça e Tiro. Essa solução é estimada em R$ 75 milhões. Na apresentação feita na Acil é sugerida ainda a implantação de um túnel entre a chácara Asa Verde e o Morro Grande com custo na ordem de R$ 30 milhões.
Rafaeli simulou o relevo no entorno dos rios lageanos para apontar soluções que, se não resolvessem, minimizariam de forma significativa problemas de enchentes, inundações e alagamentos em Lages
E CÁ ENTRE NÓS…
Se pensarmos numa solução que minimize alagamentos em Lages ao custo atualizado que supera um pouco os R$ 100 milhões, não se trata de valores fora da curva. Até porque, se considerarmos que uma intervenção dessas salva vidas, nem se deveria pensar duas vezes e sim partir para providências para tornar possível tais intervenções.
DEMANDAS PARA OS CANDIDATOS A PREFEITO
Temos observado algumas demandas que os pré-candidatos a prefeito de Lages precisa inserir na proposta e plano de governo. É inevitável discutir a questão previdenciária que deve retirar dos cofres municipais nos próximos 4 anos mais de R$ 300 milhões, da mesma forma a implantação de uma Guarda Municipal, assim como, soluçoes práticas e viáveis para combater alagamentos na cidade.
Considerando inclusive que esses alagamentos ocorrem não apenas nas proximidades de rios, como nesse caso na Avenida Brasil…
Considerando sempre que esses alagamentos urbanos em Lages decorrem da natureza ocupando espaços que sempre lhe pertenceram porque, desde os tempos da campo de aviação onde atualmente é a Uniplac (foto acima) o rio Carahá (seta laranja) se esparramava na cidade, sem essa linha reta que acabou virando com as intervenções humanas