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Impeachment: Bastidores da votação

SUPLENTE QUE NÃO CONSEGUIU VOTAR, OUTRO QUE OPTOU POR SE RECOLHER. ATESTADOS MÉDICOS E ATÉ ‘VOTO DE CABRETO’

Tão logo terminou o programa A Hora da Corneta na Clube FM demos uma passadinha na Câmara de Vereadores para conferir o momento político mais importante do ano em Lages. Já havia nuances pela rejeição do segundo pedido de impeachment contra o prefeito Antonio Ceron. Mas interessante seriam os bastidores daquilo que acabou se confirmando ao se rejeitar a abertura do processo de impedimento por 7 votos a 5.

SOBRE O PLACAR

Se observados os números se percebe que apenas 12 dos 16 vereadores votaram. Em tese o presidente Freitinhas poderia também votar, mas ele seguiu a linha de só fazê-lo caso houvesse empate. Dos outros três que não votaram, dois deles (José Osni e Eder dos Santos) apresentaram atestados médicos. E o terceiro foi um deslize do PSD. É que Ademir Fabrício, o sexto suplente do PSD depôs na CPI da Semasa. Daí que ele estava impedido de votar. Assim, o PSD que deveria escalar dois suplentes, escalou apenas Pedro Figueiredo.

ATESTADOS MÉDICOS

Se fizesse um trocadilho de que uma dor de barriga teria retirado José Osni e Eder dos Santos da votação, apresentando-se atestados médicos, estaria incorrendo em erro e maldade. Pelo que apuramos, de fato, ambos têm problemas sérios de saúde. Eder, por exemplo, vindo de um transplante recente de rim, estava em Blumenau para um procedimento. José Osni emagreceu uma meia dúzia de quilos e está em tratamento. Logo, as ausências decorrem de problemas reais e lamentáveis de saúde.

EXONERAÇÃO SEM PUBLICAÇÃO

Vereadora professora Elaine Moraes (Cidadania) pediu análise da retaguarda jurídica para judicializar o voto do suplente Pedro Figueiredo (PSD). É que o prefeito Ceron teria o exonerado por Decreto, quando a medida cabível é Portaria e o documento de desligamento de Figueiredo da função comissionada não teria sido publicada em tempo hábil. E a ausência do chamamento do outro suplente do PSD também seria motivo para avaliar juridicamente o assunto e, se houver fundamento, judicializar para uma nova votação do pedido. Pode até não alterar o placar, mas faz o assunto sangrar.

SUPLENTES AUSENTES

Por circunstâncias diversas, suplentes de vereadores optaram por se recolher da tarefa de ir ao plenário votar. Foi o que ocorreu com o primeiro suplente do Cidadania, Maurício Batalha. Por motivos próprios ele não quis ir votar nem contra, nem a favor de Ceron. O PP também foi escalando suplentes até chegar em Ademar Waltrick. Antes a sigla poderia ter substituindo Katsumi Yamaguchi (que integrou a CPI), os suplentes Paulinho Ribeiro, Silvia Oliveira e Nilson Cruz.

Nenhum dos cinco vereadores que integraram a CPI da Semasa votou

‘VOTO DE CABRESTO’

Em um tom absolutamente chateada ao que visualizava como desdobramento da votação do pedido de impeachment, a vereadora Suzana Duarte (Cidadania) não mediu as palavras para se referir aos vereadores e suplentes da base. “Vieram aqui praticar o voto de cabresto a mando do coronel”, aponto na tributa durante a fala. O suplente Pedro Figueiredo, ao comentar a referência a ele de ‘voto de cabresto’ em um palavreado simples, reagiu. “Ora voto de cabresto. Eu não sou cavalo’.

Vereadora Suzana fez referência ao que chamou de ‘voto de cabresto’ dos vereadores da base

DEBOCHE NO VOTO?

Houve que visse certo tom de deboche da vereadora Odila Waldrich (PP) durante a manifestação do voto. “Querem aplaudir, aplauda. Meu voto é contra a abertura do impeachment”. Ao invés de aplauso, na verdade eram vaias das pessoas que foram ao legislativo conferir o ‘teatro’.

PODERIA TER PASSADO

Ao final da votação o vereador Jair Júnior (Podemos) que foi o relator da CPI da Semasa que recomendou o pedido de impeachment, disse que se não fosse a manobra de demorar a análise e a colocação de suplentes no lugar dos titulares, o procedimento poderia ter sido aprovado. “O relatório da CPI foi aprovado por quatro vereadores. Esses votariam pela abertura do procedimento. Lá na frente seria outra história”, ponderou. O relatório da CPI foi lido dia 28 de junho, mas numa estratégia de bastidores, o pedido foi colocado em votação quase dois meses depois.

Jair Júnior, o relator da CPI onde estava inserido o pedido, vestiu luto porque já sentia que o propósito de abertura de um processo de impeachment contra o prefeito não iria prosperar. Ele resume: “Fiz minha parte”

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