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Gasolina: Isso a ANP não mostra

NÃO HÁ MILAGRE. SE UM POSTO COMPRA GASOLINA, ETANOL E DIESEL POR DETERMINADO VALOR, PRECISA FAZER GESTÃO DE CUSTOS. DO CONTRÁRIO, PAGA PARA ESTAR ABERTO

Agência Nacional do Petróleo – ANP faz levantamento quinzenal dos preços dos combustíveis praticados no País. Não se trata de fiscalização em relação a isso já que os revendedores podem praticar o valor nas bombas sem patrulhamento, visto que não existe controle de preços nos combustíveis. É o livre mercado que impera nesse segmento.

ENTRETANTO

Essa pesquisa acaba passando a impressão que os donos de postos em determinadas cidades, como Lages, estão ganhando fortunas ao jogarem lá em cima o valor na bomba, ao se comparar com aquilo praticado em outras regiões. Mas não tem milagre. Se a gasolina chega com preço elevado aos postos, não há como abrir o estabelecimento, revender e pagar para estar funcionando.

EXEMPLO DISSO

Tivemos acesso aos valores apresentados por uma das distribuidoras para postos de combustíveis em Lages. Os dados evidenciam essa realidade. O diesel, etanol e gasolina são disponibilizados na distribuidora a preços que impedem manter os padrões cobrados em cidades como Florianópolis e Joinville, onde a gasolina é mais barata. Observe:

Agora tire suas próprias conclusões:

Como um dono de posto paga R$ 4,42 pelo litro da gasolina comum para a distribuidora e revende a R$ 4,80 como ocorre em Joinville? Não tem como, com R$ 0,38 centavos que é a diferença entre os dois valores, o revendedor bancar folha de pagamento, transporte da distribuidora até o posto, encargos sociais, impostos federais, estaduais e municipais, incluindo taxas diversas, custeio de água, luz, segurança, internet, 3% para o cartão de crédito, publicidade e, depois de tudo isso, ainda a margem de lucro.

A REALIDADE

O combustível (pegamos a gasolina como exemplo) onde se paga R$ 4,42 para a distribuidora é entregue nas bombas a R$ 5,16 ou R$ 5,18 e até R$ 5,20 em Lages. É dessa margem entre o valor comprado da distribuidora e entregue ao consumidor que não chega a R$ 0,80 (oitenta centavos) que se retira todo o custeio acima descrito.

COMO JOINVILLE VENDE A R$ 4,80?

Porque é uma cidade onde o giro de consumo é infinitamente maior que Lages, os donos de postos conseguem adquirir o combustível das distribuidoras a valores bem menores. Se em Lages o custo da gasolina comum é de R$ 4,42 para o dono de posto, nesses grandes centros tal valor fica na faixa dos R$ 4,00. Daí dá para entregar ao consumidor ‘mais barato’.

‘MAS TEM CARTEL EM LAGES’

Essa frase se ouve repetidamente na cidade, na tentativa de bandidalizar o dono de posto. Mas se a distribuidora entrega a gasolina, por exemplo, na faixa de R$ 4,42 para os postos, como esses trabalharão com valores muito diferentes uns dos outros. Talvez quem tenha rede (mais de um posto) e não precise pagar a locação para a Companhia, possa até fazer alguns centavos mais baratos. Mas não é coisa tão diferente.

NATURALMENTE QUE…

É o tipo de informação que não se busca para informar, esclarecer e tentar retirar esse carimbo que tentam colocar no dono de posto de que estaria ganhando fortunas por praticar um dos preços mais altos do Sul do Brasil. A planilha deixa claro a realidade. Mas tratar o dono de posto, aquele que gera empregos e não tem horário fixo de trabalho, como vilão, tem sido a prática comum entre nós. Inclusive a gente faz isso. Lógico que queremos pagar menos pela gasolina, etanol e diesel. Mas para isso, os combustíveis precisam chegar com valores mais em conta da distribuidora aos revendedores (postos). Fora isso, não tem milagre!

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