SE LAS VEGAS PODE, LAGES BEM QUE (…). UM POUCO DE FICÇÃO PARA O PÚBLICO QUE NOS ACESSA
Para aqueles que não a conhecem, a americana Las Vegas é tipo uma Balneário Camboriú, mas sem mar e incontáveis vezes mais turística que a mais turística das cidades catarinenses. A cidade que se originou do tripé: pecado (mulheres), bebida e jogos (cassinos) transforma tudo em atrativo. Recebe milhões de turistas anualmente em hotéis cuja capacidade de cada um deles permitiria hospedar, ao mesmo tempo, todos os habitantes de uma cidade de até 7 mil habitantes. Pensem numa cidade como Anita Garibaldi e todos os moradores residindo em um único hotel. Coisa louca, não é mesmo?!
E…
Daí que, por essa realidade, Las Vegas não precisaria ser chacoalhada pelas intervenções em sua mobilidade para receber um Grande Prêmio de Fórmula 1. A cidade que flui a partir da sua principal avenida (Strip) se engessa com fechamento de ruas, alteração de trânsito e o inconveniente do circo da Fórmula 1. Sabem o quanto isso incomoda os nativos, hoteleiros, comerciantes, shoppings, galerias? Nada. Pelo contrário. A esmagadora maioria apoia. Porque o atrativo a mais significa faturamento.
E…
Longe, muito longe, algumas voltas ao planeta de distância, mas já imaginaram trazer um Grande Prêmio de Fórmula 1 para Lages? Seria impossível do ponto de vista do nosso jeitão de não aceitar qualquer alteração na rotina cotidiana. E a gente utiliza o exemplo na esfera meio fictícia apenas para evidenciar o quanto somos resistentes a qualquer ação que envolva agregar atrativo, inovação. Exageramos no exemplo do GP de F1, mas qualquer mudança mais robusta na rotina local gera um tsunami de protestos, reclamações e posicionamentos contrários.
EXERCÍCIO DE FICÇÃO
Como a pista de rua de Las Vegas soma 6.200 metros (e se constitui um dos maiores do circuito mundial), Lages poderia ter toda a Avenida Carahá e mais aquele pedaço da D. Pedro II formando o circuito daqui. Seriam 7.300 (já saímos ganhando de Las Vegas!)
MAIS FICÇÃO POR AQUI
E apontamos mais de uma dúzia de situações que problematizariam a realização do GP por aqui:
01 – Os lageanos somente aceitariam criar o circuito se construíssem viatudos permitindo deixar o anel central da cidade quando dos treinos e do GP de Fórmula 1 em Lages!
02 – Aqui o barulho dos motores seriam recalibrados porque bicicleta motorizada pode, mas aquele ronco de Ferrari ninguém merece!
03 – O rio Carahá teria que ter guard rail para que os carros (da Fórmula 1) não caíssem. Ainda mais no final daquela reta do Empório das Carnes!
04 – O GP seria no domingo, mas a prefeitura decretaria Ponto Facultativo a semana inteira por causa da dificuldade de manter o expediente!
05 – Teria que ser numa época que não atrapalhasse a Festa do Pinhão, visto que o GP de Fórmula 1 não chega aos pés do maior evento de Lages!
06 – Sim, teria que ter uma arena com gineteada e torneio de laço. Se a Festa do Pinhão deixou de lado o tradicionalismo vai lá, mas outro evento não pode ignorar nossas origens!
07 – Câmara de Vereadores daria título de Cidadão Lageano a Bernie Ecclestone. E depois descobriria que o presidente da FIA é Mohammed Ben Sulayem!
08 – Prefeitura de Lages deixaria para licitar a Fórmula 1 em cima da hora para ver se ficariam só a Gaby e a Opus disputando para realizar os shows!
09 – Jair Júnior já se anteciparia anunciando a abertura de uma CPI depois do GP para apurar indícios de alguma coisa. Chamar-se-ia ‘CPI do S de Seron’.
10 – Agentes de Trânsito seriam criticados por não coibirem o excesso de velocidade dos carros das escuderias nas ruas de Lages. Onde estão os radares!?
11 – No anúncio do GP em Lages um carro de F1 desfilaria em um caminhão, em cima de uma escada rolante!
12 – Uma enquete na Clube colheria opiniões se o nome da prova se chamaria GP de Monza ou GP de Fusca, considerando os modelos predominantes na frota da cidade!
13 – Uns viventes não se conformariam do circuito ser de rua e não uma corrida no Corredor das Tropas!
14 – Seria o primeiro GP da história com semáforo. E eles não estariam sincronizados, como nunca estão. Onda verde uma ova!
15 – Ao invés de treinos para o Grid de Largada, os carros da F1 percorreriam bairros de Lages. Aqueles que vencessem os buracos pontuariam com antecipação!
Maizá Lages assim meio imitando Las Vegas. Guardadas as infindáveis proporções, naturalmente. O registro é do Marlon Sá Molin para a MSM Imagens Aéreas!
“07 – Câmara de Vereadores daria título de Cidadão Lageano a Bernie Ecclestone. E depois descobriria que o presidente da FIA é Mohammed Ben Sulayem!”
Ops. Bernie Ecclestone nunca foi presidente da FIA e sim foi presidente e CEO da Formula One Management a tal FOM. Ele era o “chefão da F1”.
Hoje quem ocupa as cadeiras de presidente e diretor-executivo da FOM é o italiano Stefano Domenicali.
Ops!
“Nada. Pelo contrário. A esmagadora maioria apoia. Porque o atrativo a mais significa faturamento.”
O grande prêmio de Las Vegas deu o que falar por lá. A população não aceita e ainda é contra até hoje.
Várias ações judiciais e ambientais ocorreram, não devo esquecer dos abaixo-assinados quando surgiu o projeto lá em março de 2022. A empresa “dona” da F1 a Liberty Media injetou milhares de dólares para que esse evento acontecesse. Tanto é que essa semana reduziram o valor dos ingressos pela falta de procura.
O evento é bom sim para os empresários, mas para a cidade que já está superlotada com tantos turistas, não é não! Sem contar que estiveram meses e meses com vias principais sendo bloqueadas e desviadas atrapalhando toda a logística de quem simplesmente queria ir ao trabalho ou voltar para o sossego do seu lar. Para Las Vegas não vai mudar muito a questão do dinheiro, mas para Lages City seria um bolo gourmet com cereja importada.
E para terminar, trocaria no item 02, bicicleta motorizada pelos Randandan dam dos motoqueiros “correndo as tranças” pelo trânsito caótico de Lages City.