ASSUNTO TEM MERECIDO DEBATES, AUDIÊNCIAS, REUNIÕES E AÇÕES. NA OUTRA PONTA O NÚMERO DE MORADORES DE RUA AUMENTA
“Lages está enxugando gelo”.
Essa é uma das frases ouvidas sobre a questão de moradores de ruas que perambulam pelas vias da paróquia, ocupam praças, imóveis desabitados e logradouros diversos. A cidade tem até ‘morador de rodovia’ como é o caso de um senhor que passa dias e noites embaixo do viaduto da BR-282 na Duque de Caxias. E não é por falta de debate. A Câmara de Vereadores, por exemplo, primeiramente colocou profissionais da Assistência Social para apresentar o trabalho para o enfrentamento do problema (do problema e não dos moradores, registre-se).
Secretária Cláudia Bassin (diamarelo) ainda no mês de fevereiro esteve na Câmara de Vereadores detalhando o trabalho da área de Assistência Social em relação ao tema
Agora foi a vez do Secretário Claiton Camargo (direita) e profissionais especialmente da área da Secretaria da Saúde detalhar a atuação de atendimento aos moradores de rua, na sessão realizada no legislativo
O QUE DIZ CLÁUDIA BASSIN
“É importante que as pessoas conheçam o serviço, vejam o que a gente está fazendo, que o trabalho é árduo, continuo e com pessoas totalmente capacitadas para estar nesse momento junto com essa população”.
SOBRE INTERNAÇÃO COMPULSÓRIA
Quanto às tão faladas internações compulsórias, o secretário de Saúde, Claiton Camargo, lembra que a legislação apregoa que a própria pessoa precisa concordar com a internação, exceto quando há intervenção judicial para isso. Ele conta que a Saúde oferece vagas no centro residencial terapêutico:
“Temos oito pessoas que residem lá. São pessoas com doenças mentais, que não têm estrutura social para o convívio e precisam desse suporte”.
(…)
“O leito psiquiátrico trata casos extremos, mas se a pessoa está em surto na rua, comprometendo a integridade física dos outros, é necessária a intervenção do aparato de segurança pública”.
UMA VERDADE INCONVENIENTE – Secretário Claiton Camargo aponta que “nós não temos a condição de internar da mesma forma que a região de Florianópolis tem. Discutimos isso a nível de bastidores, mas a situação precisa ser esclarecida para com a população”.
DIZ MAIS O SECRETÁRIO
“O Estado está com disposição de pagar, mas não temos a oferta do serviço. Os leitos são caros, custam de 6 a 7 mil reais para internar. Precisamos discutir o início do processo. É muito mais fácil acessar a droga do que o leito psiquiátrico. Enquanto tivermos o acesso facilitado a droga, a lógica invertida do processo, fica mais difícil resolver o problema”.
OUTRA VERDADE INCONVENIENTE:
‘LAGES VIROU PARAÍSO’
Conversando com integrante da segurança pública de Lages que atua também na questão de moradores de rua, com abordagem e até interação com essas pessoas, ele observava que alguns chegam a chamar colegas de outras cidades para vir para cá. “Estão recebendo três, quatro, até cinco refeições por dia. Bem alimentados saem a perambular, a buscar doações para comprar bebida, quando não droga. Lages virou um paraíso para eles que, infelizmente, estão nessa vida”.