DIFERENÇA DE PREÇOS CAUSA DEBATE PELO DESCONHECIMENTO SOBRE O VALOR QUE O COMBUSTÍVEL CHEGA AOS POSTOS
Se o noticiário local estiver na calmaria e o criador de conteúdo quiser movimentar a rede, basta puxar a questão da diferença de preços dos combustíveis entre Lages e o litoral para estimular a artilharia de quem, desconhecendo o assunto, sai atirando e bandidalizando o setor de revenda. Colega Bigua voltou ao tema nesta semana ao colocar na rede:
De imediato surgiram os ‘especialistas’ em mercado do petróleo apontando existência de máfia em Lages, existência de cartel e ganância dos empresários locais. Houve quem escreveu garantindo que até presenciou donos de postos combinando preços no Coral e a reclamação comum é ausência da fiscalização do Procon.
O QUE ACONTECE NA PRÁTICA
O próprio portal SCC10 tem produzido conteúdo onde reporta – com base em levantamento da ANP – ser Lages uma das cidades onde o combustível é mais caro em Santa Catarina. Falta apontar que a referência é entre as cidades de maior porte. De qualquer forma, caberia outra pauta indo na origem para saber a razão desses preços praticados na cidade.
E…
O problema reside numa situação absolutamente simples: o preço que o combustível chega no revendedor (no posto), quando da entrega pela distribuidora ou quando a revenda (o posto) busca no distribuidor. Se o combustível recebido (ou buscado na distribuidora) chegasse a preço menor, inevitavelmente o mesmo chegaria mais em conta às bombas.
ASSIM E PORTANTO
Basta batermos à porta de um revendedor (dono de posto) e conferir a planilha com a Nota Fiscal do combustível que o mesmo está recebendo. Esse documento não é sigiloso. Aliás, é o documento que o Procon e o Ministério Público têm acesso quando de uma fiscalização. E ali constatam que é impossível praticar preços diferente daquilo que se faz em Lages. A gasolina, o diesel e o etanol – na Nota Fiscal – chegam nos postos a valor superior aquilo que é praticado no varejo em Santo Amaro, por exemplo. E daí, você receber um combustível custando R$ 5,00 e vender a R$ 4,90 não tem lógica.
EXEMPLOS QUE EVIDENDIAM O TEMA
Lages possui postos bandeirados (que são vinculados às companhias como Ipiranga, Shell e assim por diante) e aquelas não bandeirados que negociam o preço direto nas distribuidoras e tentam conseguir pelo preço mais em conta.
Aqui está o preço dos combustíveis cotado por um posto não bandeirado às 5h da madrugada desta quarta-feira, 21. Pagamento antes do carregamento.
A GRANDE PERGUNTA
Como um posto vai pagar R$ 5,03 pelo litro da gasolina comum e vendê-lo no varejo a R$ 5,19? Nesses R$ 0,16 de diferença terá que pagar o frete entre a distribuidora e o posto, folha de pagamento com encargos, todo o custeio do estabelecimento e mais um conjunto de pelo menos 20 tributos municipais, estaduais e federais. Tem ainda o custo da locação do imóvel onde está o posto. É impossível praticar em Lages o preço que se apresenta ‘serra abaixo’.
OUTRO EXEMPLO AINDA MAIS GRITANTE
Se nos postos não bandeirados, que garimpam preços menores perante a distribuidora fornecedora, o preço já dá margem pequena, com aqueles vinculados às companhias, os combustíveis chegam a valores que exigem ainda mais jogo de cintura. Tivemos acesso a uma Nota Fiscal de entrada de gasolina comum e aditivada e diesel em um posto bandeirado. Veja os valores:
Esse espelho de Nota Fiscal desta semana apresenta o valor que chega o litro do combustível em um posto bandeirado.
E ASSIM
Àqueles que comparam os preços de Lages e Santo Amaro, se pudessem explicar como um revendedor (dono de posto) poderia receber a gasolina comum a R$ 5,22 e vender a R$ 5,19 ou então a gasolina aditivada a R$ 5,35 e vender a R$ 5,39 daí faria sentido a crítica.
E…
É fácil ir para as redes sociais bandidalizar um setor, um segmento que gera empregos e retorno de impostos (e como gera!). Porém, ir a fundo nos dados, buscar as informações reais e exteriorizar para que se visualize o que de real acontece parece que falta combustível para isso.
ENTENDAMOS QUE…
Não há quem não goste de um combustível a preço em conta. Mas não há milagre. E a realidade posta em Lages é essa.