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Questão cultural ou estrutural?

MANUTENÇÃO DE PRÉDIOS HISTÓRICOS É MAIS QUESTÃO DE CUIDAR DA ESTRUTURA QUE DA CULTURA EM SI

Na campanha eleitoral, ao se referir a situações que precisam de maior atenção, a agora prefeita Carmen Zanotto citava o Memorial Nereu Ramos. “Um marco, uma referência e se encontra numa situação triste”. Apontava se referindo à falta de pintura, algumas infiltrações e pouco zelo nas imediações. Tal qual o Memorial, outros prédios que são incumbência do poder público zelar se encontram em situação semelhante.

É o caso da própria prefeitura que foi submetido o projeto de manutenção à FCC há dois anos e, quando deixava a função na Fundação Cultural, Gilberto Ronconi recebeu o de acordo para as providências, que precisam iniciar – seguindo toda a recomendação técnica do projeto – antes de terminar o primeiro trimestre deste ano.

O TEMA NA REDE

A colega Olivete Salmória puxou da rede social do lageanista radicado ao nível do mar em BC, Marcos Lenzi, um conteúdo povoado de verdades e algumas situações atualizáveis. A verdade de Lenzi reside na necessidade da atenção permanente às estruturas históricas, sob pena de sucumbirem ao tempo. Mas ele cita que esteve 6 anos atrás (portanto, 2018) propondo restaurações à prefeitura, Catedral e Convento. E os responsáveis já tinham uma solução em andamento que nunca aconteceu.

OCORRE QUE…

A solução – que de fato não andou rápido – passa pelos órgãos de controle, supervisão e acompanhamento. Por mais renomado que seja o profissional, não é ‘propondo restaurações’ que as coisas vão andar. O projeto precisa ser técnico, submetido à FCC que, depois de aprovado, deve seguir todo o protocolo.

DOS TEMPOS DE ANTES

Marcos Lenzi cita que viu uma foto da prefeitura com a cor cinza nas janelas. “Me surpreendi quando me disseram que era azul desbotado. Então foi o azul que eu mesmo escolhi para o prefeito de então em 1994. Para um azul escuro virar cinza, quer dizer que não é pintada há 30 anos. Será possivel isso? Dei a cor em 1994 quando Paulo Duarte restaurou a prefeitura”.

NA VERDADE…

Lenzi se confunde com as datas. Paulo Duarte não era prefeito em 1994. Coruja que administrava a cidade. Talvez ele esteja se referindo a 1984 e então são 40 anos da mesma pintura. E se naqueles tempos não havia uma supervisão atenta dos órgãos de controle do patrimônio tombado, a situação é bem diferente nos tempos de agora. Uma comparação entre esses dois tempos renderia até uma tese de Mestrado ou Doutorado.

AINDA A RESPEITO

“Sempre tivemos líderes que construíram feitos fantásticos como esta prefeitura, Catedral e a Igreja do Convento. Isso foi em 1900, com recursos mínimos e uma força de vontade avassaladora. Onde estão os descendentes destas pessoas?” Provocaa Lenzi em suas palavras sobre a situação dos prédios públicos de Lages. Na verdade, duas décadas separam a inauguração do prédio da prefeitura e a Catedral. A primeira ficou pronta em 1902 e a Catedral no ano de 1922.

Este registro remete à primeira década de 1900 numa evidência de que o prédio da prefeitura foi construído bem antes que a Catedral. O Paço em pé antes do térreo virar um pavimento a mais, providência que foi tomada mais tarde.

Catedral no início da década de 1920 ainda em obras e tempos depois já imponente como referência de Lages antes da colocação do trombolho que homenageava Getúlio Vargas

Aqui a Catedral três anos antes de ficar pronta, no final da década de 1910

SOBRE A CULTURA PROPRIAMENTE DITA…

Foi um período de trevas com o fechamento do Teatro Marajoara, o Fetel discreto e as manifestações culturais absolutamente restritas nessa última meia década. Embora a cidade tenha outras prioridades, de fato, Marcos Lenzi tem razão ao apontar que a Dona Cultura não pode andar escondida em Lages, tal qual a Serpente do Tanque. É oportuna a provocação!

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